No dia 09 de julho foi feriado em Sampa então fomos para o Rio de Janeiro conhecer os sambas de lá. Não poderíamos deixar de visitar a Lapa, principal reduto carioca do gênero, que possui diversas casas em um só local.
Apesar da forte chuva que caiu no sábado à noite, as ruas da Lapa estavam lotadas. Pessoas de todo tipo, de patricinha a desencanado, cabelos lisos, loiros e encaracolados, uma boa mistura como todo bom samba - sem preconceito.
Entramos no Clube dos Democráticos - a casa de samba mais antiga do Rio de Janeiro. Além de ser um lugar de boa música, a ida ao clube vale pelo seu valor histórico. A sede do clube fica em um castelo, na rua Riachuelo, tombado pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - em 1987. No sábado o som estava por conta da Orquestra Republicana, com intervalos ao ritmo de clássicos da MPB, samba, choro e samba-rock.
Não há uma faixa etária predominante, e é comum notar sambistas da velha guarda dançando pelo chão de madeira do salão com uma jovem amante do samba.
Abaixo, um breve histórico da casa - retirado da página oficial do clube na internet: www.clubedosdemocraticos.com.br
Nos idos de 1866, período imperial, no meio dos movimentos abolicionistas, republicanos e Guerra contra o Paraguai, apesar das turbulências da época, nesta data, um grupo de comerciantes e boêmios conhecidos pela forma como costumavam se divertir e fazer críticas; liderados pelo português José Alves da Silva, reuniram-se na "Maison Rouge", famoso bar e confeitaria e compraram um bilhete de loteria, em extração do dia de Nossa Senhora da Glória, com a intenção de fundar uma Sociedade Carnavalesca, se sorteados fossem.
A sorte grande aconteceu. Um prêmio de 15 mil contos de réis, uma verdadeira fortuna na época, que foi um incentivo para o Grupo dos XX amantes, como eram conhecidos, levarem adiante a idéia de fundar o "Democráticos Carnavalescos", e acabou acontecendo meses depois no dia 19 de Janeiro de 1867. Seus sócios denominados Carapicus (um peixe) e sua sede é chamada de Castelo. Durante muitos anos, desde o longínquo 1891, as Sociedades Carnavalescas, que tinham como padroeira Nossa Senhora da Glória, o dia 15 de agosto, era dedicado a diversas comemorações em agradecimentos a seus triunfos e suas vitórias, e longe de haver profanação religiosa, os festejos realizados por tais sociedades, constituíam gratidão e reconhecimento a Santa, excelsa padroeira.
Os bailes da Glória, venerada nos salões de festas das Grandes Sociedades, tinham uma consagração ruidosa e era realizado à caráter por seus associados, cavalheiros com smoking e damas em vestidos de alto custo.
Com o declínio das Grandes Sociedades, o Clube dos Democráticos, mantém-se fiel a tradição zela pela sua continuidade.
Em 1867, José Alves da Silva fundador e primeiro Presidente do Clube, devoto de Nossa Senhora da Glória, mandou trazer de Portugal, sua terra natal, uma imagem da santa e desde então, nos 140 anos de existência de nossa instituição, jamais deixamos de prestar homenagens a padroeira do Clube dos Democráticos.
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