terça-feira, 26 de maio de 2009

Recuperando a história: Oito Batutas

Os Oito Batutas fizeram sua primeira turnê internacional em 1922. Grupo formado por negros que tocavam música popular em uma época que mestiços e negros eram considerados um empecilho para o crescimento econômico e social do País. Entre seus integrantes, nada mais nada menos que Pixinguinha e Donga. A formação chamou a atenção da sociedade carioca e foi a primeira a também tocar no luxuoso Cine Palais.
Para a imprensa, a viagem do grupo de negros ao exterior era ruim para a imagem brasileira, em um momento em que teorias racistas incentivavam a vinda de europeus ao Brasil para o embranquecimento da população. Em meio a tudo isso, surge o sensato escritor e jornalista, Benjamim Costallat. Carioca que foi um dos únicos a reconhecer o talento e a defender os meninos desprivilegiados do Rio.

Gazeta de Notícias - Janeiro de 1922: "Foi um verdadeiro escândalo, quando, há uns quatro anos, os 'oito batutas' apareceram. Eram músicos brasileiros que vinham cantar nossas coisas brasileiras! Isso em plena avenida Central [atual Rio Branco], em pleno almofadismo, no meio de todos esses meninos anêmicos, frequentadores de cabarets, que só falam francês e só dançam tango argentino! No meio do intercionalismo dos costumeiros franceses, das livrarias italianas, das sorveterias espanholas, dos automóveis americanos, das mulheres polacas, do snobismo cosmopolita e imbecil! ... Não faltam censuras aos modestos 'oito batutas'. Aos heróicos 'oito batutas' que pretendiam, num cinema da avenida, cantar a verdadeira terra brasileira, através de sua música popular, sinceramente, sem artifícios nem cabotinismo, ao som espontâneo dos seus violões e dos seus cavaquinhos. "

É o livro Almanaque do Samba, de André Diniz, que traz essa nota do jornalista, Benjamim Costallat, homem sensato e um apreciador da música brasileira já no começo do século vinte, conjuntura de almofadismo e preconceitos.

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