quinta-feira, 11 de junho de 2009

Dicas.

A semana passada no show do Quinteto Branco e Preto, no Sesc Santo André, tivemos o conhecimento sobre o Samba da laje e hoje recebi de um colega essa matéria publicada no Jornal da Tarde, em 2007, por Geórgia Nicolau. Resolvi postar a matéria, mesmo sendo um pouco antiga, porque dá várias dicas dos lugares pouquíssimos divulgados e onde o samba de raiz rola solto. Estivemos presentes, há algumas semanas, no Você Vai Se Quiser e nos surpreendemos: o ambiente é super agradável e o samba arrebenta, vale a pena conferir!

O samba da laje

Escondidinhas, rodas de samba são um fenômeno


“O poeta falou / que São Paulo enterrou o samba / que não tinha gente bamba / e não entendi porquê / Fui à Barra Funda, fui lá no Bixiga, fui lá na Nenê / me perdoa poeta, mas discordo de você”. A música Me Perdoa, Poeta é a reposta da sambista carioca Leci Brandão à famosa afirmação de Vinicius de Moraes, de que a capital paulista seria o “túmulo do samba”.

E Leci tem razão. Samba da Tenda, Terrero Grande, Samba do Timaia, Você Vai Se Quiser, Samba da Vela. Do centro à zona leste, para ouvir ou para dançar, relembrar ou aprender, a Capital oferece rodas para todos os gostos. A maioria nascida de uma reunião de amigos com vontade de cultuar o ritmo, nacional por excelência. Além da diversão, às vezes a única, as rodas cumprem uma função social por meio de campanhas do agasalho, arrecadação de alimentos e participação em reuniões. “Nós agimos politicamente na comunidade e buscamos melhorias”, esclarece Elisângela Simião , a Zanza do Samba da Tenda, em São Miguel Paulista. Fundada há 4 anos e com 18 músicos, a Tenda tem uma cavaquinista mulher, Elisa, a irmã de Zanza, coisa rara num meio ainda dominado pelos homens.

Debaixo de uma tenda vermelha da Coca-Cola, outro grupo ecoa bambas como Candeia, Nelson Cavaquinho, Cartola, Gonzaguinha e Geraldo Filme. É a Comunidade do Samba Passado de Glória, na ativa há três meses no bairro do Jardim Nordeste, também Zona Leste da Cidade. Mais especificamente, no bar do Seu Dimas, que em troca do samba, fornece o combustível: cervejinha e pinga com mel. Nasceu de uma reunião de amigos com o intuito de exaltar a chamada velha guarda. “Nós fazemos samba de resistência. Para nós, não importa o modismo”, explicou Alessandro de Souza Aguiar, o Bacabinha, um dos fundadores. Ironia ou não, a faixa etária da roda é em média 24 anos. Quem quiser arriscar pode se sentar. O sistema de canto é por rodízio em sentido horário.

Do outro lado da Cidade, em uma rua sem saída na Vila Santa Catarina, Zona Sul, uma roda veterana mostra o vigor do samba na terra da garoa. Foi na laje de dona Generosa que tudo começou, há dez anos. Com irmãos e sobrinhos músicos, a ex-copeira e faxineira fazia todos os aniversários da família, regados a muito samba e feijoada, na então recém-construída parte de cima de sua casa. A coisa foi crescendo até que um dia alguém advertiu que a laje podia cair. “Fiquei desesperada. Falei que o samba só ia continuar se todo mundo descesse”, se diverte a matriarca.E desceram.

Uma década depois, completada no próximo mês, o Samba da Laje reúne cerca de 700 pessoas e tem equipamento de som e até dois banheiros químicos, alugados, para não aperrear os dançarinos com filas demais. Algumas coisas, porém, continuam como no início. “Em dia de samba, acordo às 3 da manhã. Gosto de fazer a feijoada sozinha”, confessa Generosa. Vendido a cinco reais, o prato é de dar inveja a muito restaurante especializado.

O “Samba da Praça Roosevelt”, como costuma ser chamada a roda Você Vai Se Quiser, também tem feijoada. Mas o sucesso é o mineirinho: lingüiça, calabresa, mandioca, e uma cachacinha no meio. Há quatro anos lotando o Bar da Dona Rafaela, em frente à praça, a roda é puxada pela cantora Graça Braga.

Já no Buteco do Timaia, a especialidade é o peixe assado, que o amigo Laerte só faz no dia do samba, comandado pelos Filhos de São Matheus e integrantes do Quinteto em Branco e Preto. “A gente toca o que não se ouve na rádio”, explica Timaia.

O pessoal do Terrero Grande também. Originários do Projeto Morro das Pedras, um grêmio recreativo de tradição e pesquisa, seus integrantes pesquisam sambas antigos. A fama logo saiu da comunidade. Cristina Buarque, irmã de Chico, os levou para acompanhá-la e, juntos, gravaram um disco.

VOCÊ VAI SE QUISER

Rua João Guimarães, 241, Centro. A partir das 15hs. 3816-3082. R$ 10

SAMBA DA LAJE

Todo último domingo do mês a roda que começou na laje reúne cerca de 700 pessoas.Rua Jandi, Vila Sta Catarina. Das 14h às 21h. Com Generosa, 5566-0345. Grátis

TERRERO GRANDE

Continuação do grupo Morro das Pedras. A roda é mensal e não tem lugar certo. Com Renato no 6106-3296

PASSADO DE GLÓRIA

Recém-criada, a roda quinzenal exalta o passado do samba. Largo Juparanã, nº3, Jd. Nordeste, Metrô Patriarca. Das 13h às 18h. 9704-0650. Grátis

SAMBA DA TENDA

A roda acontece quinzenalmente. Clube da Comunidade Tide Setúbal, Rua Mário Dallari, 170, São Miguel Paulista. Com Zanza, 8254-6781

BUTECO DO TIMAIA

A roda mensal é comandada pelos Filhos de São Matheus. Rua João do Canto e Mello, 321. Pq. São Rafael. Contato c/ Timaia 6753-5042. Grátis

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