sexta-feira, 26 de junho de 2009

Tias Baianas Paulistas



Outro projeto notável do produtor Gustavo Melo é o Tias Baianas Paulistas, um documentário que retrata o grupo idealizado por Valter Cardoso, o Valtinho das Baianas entre 1994 e 1995, e mantido por sua esposa, Dona Nadyr, sua cunhada e suas amigas baianas de diversas escolas de samba, entre elas Nenê de Vila Matilde, Camisa Verde e Vai-vai. Mais uma mostra da presença feminina no samba da cidade de São Paulo.

As Tias Baianas Paulistas deram continuidade ao projeto de Valtinho após sua morte e hoje se apresentam em diversos locais, muitas vezes com a roda de samba Kolombolo diá Piratininga, um grupo fundado em 2002 com a idéia inicial de fazer um grêmio recreativo nos moldes dos antigos cordões, mas que hoje realiza pesquisas, oficinas culturais, encontros, shows e gravações de CD's com o objetivo de trazer ao conhecimento do público a história do samba paulistano.

Nos encontros das Tias Baianas Paulistas com o pessoal do Kolombolo, são cantados sambas clássicos paulistanos de Adoniram Barbosa, Zeca da Casa Verde, Toniquinho Batuqueiro, Geraldo Filme, entre outros.

No documentário sobre as Tias Baianas, Gustavo Mello mostra a rotina das baianas, suas atividades como mães, esposas, avós, donas de casa, trabalhadoras e, até estudantes de primeiro grau, paralelo a paixão delas pelo samba, pela ala das baianas, além da dedicação à feijoada mensal e ao próprio grupo.

Já na casa da terceira idade, essas mulheres são gente simples. Vivem um dia-a-dia como muitas outras mulheres. Cozinham, levam os netos na escola, vão ao médico, lavam roupa, têm suas alegrias e tristezas. Mas têm, também, algo que as diferencia das mulheres comuns: são apaixonadas por samba e criaram um universo entre elas para contemplar e não deixar o samba morrer. Neste universo, elas ensaiam e se apresentam na ala das baianas. O cuidado vai desde a produção da fantasia, até a arte de amarrar delicadamente um turbante. "A baiana manda energia para todo mundo", diz uma delas.

Uma vez por mês, se reúnem na casa da Dona Nadyr, viúva de Valtinho das Baianas, e preparam de 2 a 3 panelas de feijoada, que são levadas pelo seu filho até a Praça do Aprendiz das Letras, na Rua Belmiro Braga, da Vila Madalena, onde recebem um público que está lá para admirar a beleza destas baianas, ouvir um bom samba e comer a feijoada preparada por elas.

Neste documentário, nota-se a força e determinação das mulheres na tentativa de preservar o samba paulista. Uma delas afirma que é um trabalho que muitas jovens não pensam e não tem força para fazer. "O velho prospera", diz uma das baianas.

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